John: A Caça ao Tesouro - Concluído

A mesma que havia respondido mais cedo encarou o Pirata John com desprezo, seriedade e certo rancor. E o que você acha? ele perguntou, retoricamente Acha mesmo que meia dúzia de marinheiros fariam um acampamento sozinhos no meio de uma ilha? Idiota, sabemos quem é você e o que está procurando, estavamos esperando por você... Mujin virá atrás de você aquele nome, por algum motivo trouxe um arrepio na espinha de John.

John discursava perante as marinheiras, suas palavras sinceras não despertaram nenhuma empatia ou felicidade por parte das marinheiras. Na verdade, elas rangeram os dentes e encararam suas palavras como detestáveis e arrogantes, como para elas, todo pirata de fato era. A nuvem surgiu e o fez partir, só então que elas ficaram de pé e se mobilizaram, descendo o morro e correndo na direção do Capitão abatido. John, por outro lado, junto a Leonel e Abigail subiu aos ares. Leonel parecia eufórico, feliz com o combate e ao mesmo tempo assustado. Quer dizer então que faço parte de um grupo pirata agora? ele perguntou, com um sorriso amarelo no rosto. No fundo ele não tinha certeza, mas agora, o que ele não tinha era escolha. John continuou a encarar a ilha, percebendo a aproximação de pelo menos duas fragatas da Marinha que vinham pelo norte, apresentando um risco imediato para seu navio ao sul. Por sorte, ele conseguiu, com a visão periférica, encontrar o topo de uma montanha, rodeada por algumas árvores e grama baixa, numa região mais plana, uma fenda lisa, local do X marcado no mapa.

John lentamente desceu até a zona plana no alto da montanha. A terra seca tinha uma cor forte e viva. A grama ao redor era baixa, enquanto arbustos se espalhavam morro abaixo, dando espaço para algumas poucas árvores que se penduravam entre barrancos e rochedos, espalhando suas raízes por toda a extensão. No meio da paisagem, a maior árvore, entre as duas paredes rochosas que separavam o caminho, no meio da ilha, tinha raízes grandes, entrelaçadas pela terra, mas com um estranho vão circular logo em frente ao caule. Quase que como entregando que algo estava enterrado ali.

John se aproximou da terra macia em frente a árvore. Estava seca e tinha a superfície plana. Não estava revirada e nem com indícios de que alguém havia a tocado, seja com as mãos ou alguma ferramenta. Por algum motivo ele hesitou em cavar o local marcado, apenas permaneceu encarando-o com cautela. Sua insegurança era notável, ainda mais pelo Papagaio Paku que o encarava, sentado sobre um galho alto numa árvore não muito distante do local. "O macaco pelado está olhando para o chão feito bobo!" a ave pensava, mas se recusava a sair dali sem conhecer o desfecho da história...

Apesar de reconhecer o tesouro escondido como a parte final de sua busca por respostas e pelo legado de sua capitã, John não conseguiu conter a excitação de cavar seu primeiro tesouro. A pá removeu um punhado de terra seca, depois mais outro e mais outro, até que finalmente bateu em uma superfície sólida. John usou a mão para terminar de cavar e enfim remover um baú enterrado. O papagaio cresceu os olhos para o tesouro, mas não se arriscou atrapalhar o macaco pelado. John notou os belos detalhes do baú, ele era feito de madeira, mas com entalhes dourados no metal da tranca.

John engoliu seco, o Papagaio Paku também. Seus dedos da única mão que lhe estava a disposição abriram o baú apenas para revelar o forte brilho de uma pilha de moedas que refletiam a ambição dos piratas que um dia já morreram por tal tesouro, ou ao menos é o que John pôde pensar. Era um baú de tesouro, de fato, escondido ali por sua capitã talvez para algum caso de emergência quando precisasse de dinheiro. Dentro do baú, também, havia uma nota. Uma carta escrita a punho que John não pôde evitar de ler.

"Se estiver lendo isso, é porque estou morta. Junto ao mapa, você encontrou uma placa de pedra, uma peça de oito fragmentos que compõem um mapa de rota... Se eu estiver certa, este mapa pode estar tanto relacionado à origem do código pirata quanto um objeto misterioso conhecido como Poneglifo".

John gargalhava e sorria, estava radiante e contente, quase que se esquecendo que em breve a Marinha o localizaria para tomar posse de tal carta. Foi só quando ele se levantou e gritou para o pássaro que percebeu os navios chegando na costa leste, bem perto da Rainha Vermelha ao sul. "Vá se ferrar" respondeu o papagaio e saiu voando, infeliz por não ter consigo uma dinamite para explodir o pirata e lhe roubar todo aquele tesouro. Não apenas o navio agora chamava a atenção de John, como ele também ouvira sons de movimentação nos montes e colinas abaixo da montanha, como se patrulhas explorassem o local.

A missão de John estava concluída, ao menos por enquanto. Ele coletou todo o tesouro e se pôs de pé. Lentamente seu corpo assumiu a forma de uma criatura esguia, com escamas avermelhadas, grandes presas, garras e um bigode imponente que lhe descia pelo focinho. Enquanto isso, seu navio começava a recuar da ilha, tomando distância para evitar as Fragatas da Marinha que avançavam ferozmente contra o navio de John. O pirata então desceu a montanha num rasante, pegando velocidade até sobrevoar o oceano entre seu próprio barco e as Fragatas que se esforçavam para acompanhar o ritmo da canhoneira, mas ficavam para trás pouco a pouco.

John desceu com um rasante na direção dos navios. O vento disperso por seu corpo produzia um som estrondeante. Ao passar por perto das velas ele começou a cuspir um jato de fogo que engolfou algumas das cordas que as amarravam, mas não fora o suficiente para destruir a vela por inteiro. A marinha, percebendo a aproximação do pirata começou a descarregar uma bateria de canhões de guerra em sua direção. Os explosivos voaram, passaram direto por John e explodiram no céu, como fogos de artifício. Eles continuaram a disparar, mais um e outro, até que um terceiro tiro explodiu ao lado do rosto de John, ferindo seu rosto com cortes superficiais e chamuscando os cabelos...

Os marinheiros presenciaram a cena com desgosto. Meia dúzia se acanhou, puxando suas espadas, mas recuando amedrontados. O resto, que compôs a linha de frente com pelo menos cinco soldados, tinham espadas erguidas e aguardavam o comando. No castelo da fragata, o oficial capitão encarou John, ergueu os lábios em desgosto e dois atiradores empunharam seus rifles. Veio se entregar de bom grado? perguntou o capitão, fazendo um gesto com o punho fechado, sinalizando para os atiradores e soldados aguardarem o comando para atacar.