Jim: O Cavaleiro Negro - Concluído

Larga ele!  Frigga berrou rancorosamente, correndo cinco metros para trás. Ela saltou sobre uma rocha e disparou mais uma vez na direção do peito da guardiã, que bloqueou a flecha com o pulso, evitando um acerto direto em seu tórax. Jim, que acabara de se esgueirar por trás da guardiã foi surpreso pelo movimento, ela previu o ataque da flecha e se protegeu. Ela então se vira abruptamente em sua direção, dando um passo para trás evitando o agarrão e lhe acerta um tapa com as costas do punho. Folke investiu contra a guardiã, saltando em seu braço. A pressão gerada pelo peso do corpo dele foi o suficiente para fazê-la largar Bjorn, que caiu no chão ao lado do lago congelado.

Jim: -10

HP: -70 EP: ? PO: ?

James avançou uma segunda vez, tentando imobilizar o braço direito da guardiã que segurava a espada larga com extrema facilidade, praticamente ignorando o peso do rapaz. Seus braços a laçaram, mas ela o empurrou para trás fazendo-o cair sentado no chão. Durante o ato, Frigga puxou mais uma flecha, ergueu o arco e tentou mais um disparo. A flecha voou até atingir o ombro da guardiã. O impacto fez a flecha explodir por inteiro, produzindo uma faísca enorme que refletiu nos olhos de todos. A resistência de corpo e armadura das guardiãs era invejável. Bjorn então se levantou, com a ajuda de Folke, mas antes que pudessem agir a espada perfurou o peito de Folke abruptamente, e sem nenhuma cerimônia o corpo sem vida caiu no chão. Bjorn urrou e avançou contra a guardiã, acertando uma sequência de golpes em seu peito, quebrando os seus ossos e descascando os tampões dos dedos. Desgraçada!

James sentia suas pernas bambas, estavam tremendo assim como seus dedos, e também os olhos. Ele deu um passo para trás, e então mais um. Bjorn continuava atacando a guardiã freneticamente, sem hesitar nem por um instante. Foi então que ela ergueu sua espada com as duas mãos e golpeou a clavícula do bárbaro, com tanta força que o chão de gelo se quebrou sob seus pés, o fazendo afundar no lago congelado. James a essa altura já estava correndo, passando a pouco mais de três metros de Frigga, que, apesar de sozinha, mantinha o olhar fixo na guardiã, como um lobo caçando sua presa, mesmo que fosse um leão... Quando o pirata passou pela arqueira, ela, vendo seu amigo afundar no lago cristalizado permitiu que uma única lagrima escorresse, e, então disparou mais uma flecha.

HP: -180 EP: ? PO: ?

James tomou a única ação que estava ao seu alcance. Ele correu o mais rápido que pôde seguindo pela floresta congelada. Sua vontade de sobreviver era tão grande que sobrepujava sua coragem. Os sons do combate e gritos abafados ficaram para trás, ecoando ao longe. Mesmo se afastando, ainda conseguiu ouvir os distantes sons de galhos sendo repartidos e explosões causadas no ambiente pela espada pesada da guardiã. Os três breves companheiros de James com certeza haviam encontrado o seu fim para que o pirata conseguisse fugir. Somente após dez minutos correndo, agora perdido no meio da floresta, que ele se sentiu confortável para finalmente se jogar no chão, exausto e ofegante.

James caminhou mais um pouco, tentando recuperar o fôlego enquanto sua própria mente terminava de atacá-lo com pensamentos destrutivos. O cansaço era tanto que seu corpo, que já estava fraco o fez tropeçar e cair de joelhos. A respiração quente podia ser vista saindo da boca quando ele quase caiu no chão, mas, fazendo força se pôs de pé novamente. James já não sabia que horas eram, pois o céu estava fechado e uma névoa começava a surgir, enquanto neve caia gentilmente sobre o cenário solitário que ele encarava. Não havia sinais de civilização e o pirata só podia seguir em frente.

James via os próprios passos marcados na neve ao olhar para trás. Ele esfregava as mãos, os pulsos e os braços para tentar preservar o calor. Seu caminho infindável era tortuoso e o fazia sentir o desanimo na pele, sem reais esperanças de que encontraria algo. Foi então que uma silhueta suntuosa, perante ao cenário devastado por neve, se apresentou entre um aglomerado de árvores. Ao se aproximar, James notou que se tratava de uma pequena cabana de caça, provavelmente a muito abandonada, pois as janelas estavam quebradiças, completamente congeladas, e havia neve no assoalho em frente a porta, quase a enterrando.

James foi caminhando com mais dificuldade agora. O vento soprava rigoroso, ecoando por entre as árvores que chacoalhavam e derrubavam a neve presa nos galhos. Seus passos eram afetados pela neve e pelo vento. Cambaleando, ele agarrou uma pedra e a bateu contra a janela que estilhaçou, ecoando em meio ao chiado do vento. Certificando-se que não havia cacos de vidro no beiral da janela, ele saltou para o lado de dentro. A friagem também se convidava para dentro da cabana de caça. Tudo estava meio escuro, e o pouco que dava para ver não era de se alegrar muito. Havia um guarda roupas com a porta pendurada, uma mesa com um dos pés quebrados, uma cadeira rachada, o que parecia ser uma pia completamente despedaçada e com o gabinete sem portas e nem nada dentro, por exceto uma gaveta que parecia inteira.

James seguiu explorando a cabana com cuidado, encarando cada canto com esperança, debaixo de escombros e até da mesa quebrada. Apesar de velho e quebrado, os restos talvez pudessem ser usados para acender fogo, ao menos foi o que ele pensou. Quando James enfim abriu a gaveta, para sua infelicidade, a única coisa que encontrou foi um punhal velho e quase enferrujado, com o punho exibindo pequenas rachaduras causadas pelo desgaste e tempo, mas dada a sua situação, era melhor do que nada...

James recolheu a Adaga com sua mão e a empunhou com vigor. Por algum motivo aquela arma velha e enferrujada lhe trouxe segurança e uma certa confiança. Ele a guardou e seguiu para agarrar o armário, forçando-o pelo chão até que estivesse na frente da janela quebrada. Tanto o frio quanto a iluminação cessaram. Ele se encontrou no breu da cabana de caça, por sorte havia outra janela por onde entrava uma fresta de luz, estava tampada por uma cortina aos trapos. Não que o escuro lhe incomodasse, talvez até seria melhor para dormir, mas dada a quantidade de escombros e pedaços de madeira no chão, Jim supôs que seria melhor ter alguma luz para se orientar.

James se aproximou da janela buscando alguma iluminação, não sem antes bater o pé na perna da mesa e tropeçar em uma casca de madeira solta. Por fim, suas mãos agarraram a cortina e a puxaram, permitindo com que a suave luz que de forma brava atravessava a névoa e as nuvens que cobriam o céu para lhe permitir enxergar dentro da cabana. Foi então que seu conforto se desfez. Parada a vinte metros fora da cabana, a silhueta de uma donzela de ferro se prostrava como uma estátua, ao lado de uma árvore, empunhando uma enorme espada.

HP: ? EP: ? PO: ?