Ban: História de Origem - Abandonado

Dou uma mordida e retiro um pedaço generoso do pão para mastigar, enquanto admirava os sons que a natureza me proporcionava na minha pausa tão curta que mal dava para saborear meu lanche com calma. Após terminar de comer, eu me levanto e limpo minhas vestes com batidas leves para que as migalhas de pão caiam no chão. Em um ato bruto, limpo minha boca com o braço direito e começo a caminhar em retorno ao meu local de trabalho!

Eu nunca havia feito uma espada propriamente dita. Meus dias trabalhando como ferreiro estavam principalmente ligados à minha necessidade de ganhar dinheiro, não porque aquilo era realmente meu sonho. No entanto, naquele dia, algo diferente aconteceu. Meu patrão estava dormindo profundamente, roncando alto o suficiente para abafar o som das marteladas. Foi assim praticamente todos os dias que trabalhei aqui, uma rotina monótona e sem brilho. No entanto, naquele momento, algo dentro de mim se rebelou contra a mediocridade.

Decidi não arriscar na produção de uma lâmina de qualidade duvidosa. Afinal, eu ainda era apenas um aprendiz, com conhecimento limitado e experiência escassa. Com um tom respeitoso, mas firme, chamei o ferreiro:

"Senhor, o metal na forja já não está no ponto de moldá-lo?"

Fiquei aguardando sua resposta, sentindo o calor das chamas da forja e o peso da responsabilidade sobre meus ombros. Aquele momento era crucial, não apenas para mim, mas para a criação daquela que poderia ser minha primeira obra-prima.

Diante da resposta sonolenta e um tanto negligente do ferreiro, respiro fundo e decidido a transformar aquela oportunidade em algo extraordinário. Com determinação renovada, volto ao trabalho, com uma mistura de ansiedade e empolgação borbulhando dentro de si.

Observando com cuidado o metal na forja, sinto um frio percorrer sua espinha ao perceber a qualidade excepcional do material. Aquilo não era apenas um metal comum; era algo especial, digno de um cliente de importância. Ciente da responsabilidade que me fora confiada, concentro-me em cada detalhe, cada golpe de martelo, cada movimento preciso.

Horas se passaram como minutos enquanto eu trabalhava incansavelmente, guiado pela visão de uma espada que não apenas atendesse às expectativas do cliente, mas que também superasse todas as suas expectativas. Cada centímetro da lâmina era moldado com cuidado e paixão, enquanto Banzaku se entregava ao ofício como nunca antes havia feito.

À medida queo tempo passa, observo com satisfação o progresso gradual da espada. Cada detalhe meticulosamente trabalhado contribui para a sua beleza e funcionalidade. E então, finalmente, chega o momento crucial, a hora da tempera!!!

Com cuidado, mergulho-a em um balde de gelo, iniciando o processo de tempera. É um momento de calma e expectativa, enquanto aguardo pacientemente que a espada adquira sua resistência final.

Enquanto a espada repousa no gelo, aproveito para refletir sobre o trabalho árduo naquela forja. Cada desafio que fui obrigado a superar pela negligência do ferreiro, cada obstáculo enfrentado, tudo isso culminou nesta obra-prima que agora repousa diante de mim.

Agora, resta apenas aguardar mais uma hora. Uma hora que parece se estender infinitamente, mas que sei que valerá a pena quando finalmente segurar a espada completamente temperada em minhas mãos. É um momento de ansiedade misturada com uma sensação de realização profunda. E quando finalmente chegar a hora, estarei pronto para receber a recompensa de todo o meu esforço.

A importância do cliente e a responsabilidade sobre meus ombros são lembranças constantes, impulsionando-me a dar o melhor de mim. Não é hora de ser interrompido por trivialidades; há um trabalho a ser feito, e farei certo.

Assim, eu me concentro na forja, deixando de lado as distrações ao meu redor. Cada momento é precioso, cada detalhe é crucial. Não importa o que aconteça lá fora, aqui, neste espaço sagrado da ferraria, estou em meu elemento. E nada me atrapalhará até que esta espada esteja completa e pronta, ate mesmo porque seja la o que estiver acontecendo lá fora não é da minha conta, não sou um heroi, tão pouco pretendo ser, quero apenas vingar meu avós.

O tumulto lá fora parecia se intensificar, mas eu mantive minha concentração em meus afazeres na forja. Então, uma figura, não pude distinguir se era um homem ou uma mulher, irrompeu pela porta da loja. Estava claramente em estado de agitação, como um refugiado fugindo de algo aterrorizante. No entanto, isso não me agradava; eu já havia percebido que algo perigoso acontecia lá fora. Por que arriscar-me saindo?

Ao notar a presença do intruso, ergui meu olhar na direção da porta e pronunciei, com firmeza e respeito: "- Saia imediatamente!"

O homem  me informava que os barulhos externos a forja eram relacionados a presença de marinheiros, uma pontada de preocupação surge. Marinheiros podiam significar muitas coisas, mas uma coisa era certa: problemas.

Mantendo a compostura, mas sem rodeios, encaro o homem diretamente e exclamo, deixando clara minha frustração:

"Porra! Não é hora de brincadeira! Se você sabe que tem marinheiros lá fora, então caia fora daqui antes que nos envolvam nessa merda! Eu não tenho tempo para lidar com problemas alheios. Saia da minha vista e cuide de sua própria pele!"

Diante da oferta do homem misterioso, meu olhar endurece e minha paciência se esgota rapidamente. Sem hesitar, disparo em resposta, com um tom de voz áspero e impiedoso:

"Foda-se o seu dinheiro, pode enfiar no seu cú! Se você é um pirata ou não, pouco me importa. Se não sair desta forja agora, a marinha será o menor dos seus problemas, isso eu te garanto!"

Minhas palavras são carregadas de desdém e determinação, deixando claro que não tenho intenção de ser manipulado ou subornado. A segurança deste lugar é minha prioridade e não permitirei que intrusos comprometam isso.

Observo o homem com firmeza, esperando que minhas palavras o convençam a partir antes que seja tarde demais.