Laurent: A Jenny Vermelha

Após os eventos que marcaram sua recuperação e o retorno à sua, não mais nova, rotina pirata, Laurent e seu grupo seguiram por mais algumas horas em Ceres, aproveitando o amanhecer do próximo dia antes de partir em direção à próxima ilha.

Enquanto caminhavam em direção ao navio ancorado, atravessaram o centro movimentado de Ceres. O mercado, naquelas horas da manhã, fervilhava de atividade. Algumas barracas tinham clientes animados, enquanto outras pareciam mais vazias. No entanto, um ponto específico chamou a atenção do grupo: um pequeno aglomerado de pessoas na metade da rua. Era como se estivessem em um círculo, aplaudindo e ocasionalmente soltando risadas.

Após o pedido de Laurent, os dois concordaram e seguiram adiante, apesar das contestações ao vento enquanto avançavam ao conseguir espiar oque Laurent veria mais claramente entre a multidão.

Diante do público estava, como um palco improvisado, uma estrutura montada sobre uma base de tecido estendido. Uma mesa retrátil exibia seus pertences, enquanto ao centro um homem alto e magro se destacava em cima de um caixote de madeira. Vestido com roupas que remetiam a um bobo da corte, como um estilo próprio, ele realizava sua performance.

   [...] E pelo que me lembre, minha graciosa senhorita, você escolheu uma carta e é...  Proferia o homem enquanto equilibrava habilmente um pedaço de madeira com um prato giratório sobre sua cabeça cerrou os olhos e parecia manter a expectativa a frente de uma garotinha, que estava com uma carta virada para si, segurando com suas duas mãos.    O CORINGA!    ele exclamou em uma revelação repentina, exibindo a carta para a plateia, Risadas se seguiram, enquanto a criança, surpresa, voltava-se para seus pais, radiante. O pai, ao pegar a carta, sorriu e mostrou para todos que as cartas eram iguais.

Os aplausos ecoaram, acompanhados de risos. O homem, com um sorriso de orelha a orelha, logo diminuiu sua expressão alegre.  Você não escolheu a carta porque está achando que tenho cara de bobo, não é?    Provocou ele, erguendo a mão esquerda e revelando um nariz vermelho de palhaço em seu rosto. Um som de buzina escapou do artefato, arrancando risos da plateia e da própria criança.

Não, não. Não riam. É tudo só palhaçada, pessoal.    Então ele retirou o nariz, o jogando para perto da mesa, encenando um ato de irritação cômica. Com um gesto rápido, o prato levantou, fazendo o pedaço de madeira girar até sua mão esquerda e o prato a sua mão direita, pousando ambos com uma incrível suavidade, como se anteriormente não estivessem em queda livre, dando a impressão que não tiveram uma aterrisagem.

Após algumas palavras finais, ele foi saudado por aplausos calorosos. Concluído o pequeno espetáculo, a plateia, aos poucos, colocava dinheiro, alguns mais outros menos, em uma caixinha a frente do palco.  

Os ultimos passos do publico iam sendo dados, até então, fazer pela dispersão completa.    Além do seu cabelo vermelho, você tem algo mais vermelho ai? um Lenço, talvez?    Ele perguntava enquanto recolhia a caixinha e começava a contar o quanto ele tinha ganho com aquela apresentação.  

O homem segurou as presilhas por um momento, analisando-as brevemente antes de demonstrar desinteresse e jogá-las de volta.   Já tenho a informação que eu quero    Ponderou, enquanto terminava de arrumar suas coisas, organizando a mesa dobrável para se tonar uma pequena mala, organizando oque dava para colocar dentro.

 Tenho um trabalho pra vocês. Discutiremos no seu navio.     Declarou ele, onde seu tom se tornou mais sério que anteriormente, indo pelo mesmo caminho para onde os dois tripulantes de Laurent também haviam ido, como se seguisse os passos.


 

Pruitt? Parece um nome que eu colocaria em um pombo. Ele é um pombo? É melhor eu nem saber.  Ponderou consigo mesmo, receoso de descobrir que poderia não ser um pombo.

Após alguns minutos, os dois se aproximaram do barco da tripulação. Ah, é, costume social.  Murmurou, dando um pequeno tapa na própria testa enquanto se posicionava à frente de Laurent e da embarcação   Você perguntou meu nome. Nessa cidade pode me chamar de Salazar, ao seu dispor   Disse ele, fazendo uma leve reverência imaginária, imitando o gesto das mulheres ao segurar a saia. Agora, prossigamos, sim? Continuou, estendendo o braço direito para indicar o caminho até o navio, aguardando que Laurent seguisse à frente.


 

Ahn? o que? Perguntou meio atordoado, voltando a atenção para Laurent após verificar visualmente o navio. Não vai afundar, vai servir.  Disse ele, dando um tapa fraco na madeira ao se aproximar do grupo.

Respondendo: Não. Eu só senti uma coisa aqui e to apostando uma coisinha ali. Até então, estou acertando Explicou, colocando a mala no chão enquanto continuava a falar Eu tenho uma missãozinha rápida, tica, nada demais Com os dedos, deixavam bem próximos para indicar algo minúsculo.  Tenho que invadir um navio e pegar um mapa que está lá. Pode fazer o que quiser e pegar o que quiser além disso e blá, blá, blá, não me importo. Só preciso do mapa. Simples, não é?


 

Enquanto Laurent realizava as perguntas, Salazar deitou de lado ali mesmo na madeira, apoiando a cabeça com o braço e cruzando as pernas, num estado relaxado. Você faz muitas perguntas. E muitas delas chatas. Só uma que é necessária, Perguntinha. Ponderou, retirando com o mindinho a cera de seu ouvido e jogando para longe.  Ta.. Deixa eu me lembrar...  Primeiro: Não sei. Alguém com dinheiro, eu diria. Segundo: Tenho as intruções para encontra-los, onde e horário. E teerceiro: Já dei as informações. E estou te dando uma oportunidade de lucrar. Estou com preguiça de realizar um processo por erro meu, e estou pedindo a vocês. Explicou, levantando os dedos de sua mão esquerda enquanto respondia, acompanhando os números que mencionava.

 

  Ah, veja... Eu bebi e apostei meu pequeno bote. E como não pude matar ele porque é uma pessoa importante aqui pros meus negócios, e nem era meu barco, não contestei. Sabe comé, né?  Explicou Salazar, dando de ombros antes de se virar de barriga para cima e apreciar o céu.

 Oque eu precisaria era de um barco. E vocês tem um que não afunda, o que é ótimo   Afirmou, dando um joinha. E parecerem minimamente decentes para realizar uma tarefa simples.  Acrescentou, colocando a mão no bolso e concentrando-se na busca de algo   Estava aqui, só um momento...  Murmurou enquanto vasculhava seus pertences, até soltar um pequeno grito de dor ao tocar em algo.  Maldição, sempre esqueço dessa estrela ninja... Calma... Achei! exclamou finalmente, erguendo um papel um pouco amassado e rasgado nas pontas. Tudo que precisa saber, Chuchuzinho de Pimenta  Disse, dirigindo-se a Laurent o papel.

 

 O início do papel parecia estar rasgado, deixando apenas alguns pontos pretos que indicavam o restante de algumas poucas letras.

No restante do papel, havia uma escrita informal indicando a existência de um navio comercial, com horário à noite e algumas características que ele deveria ter, além da informação sobre o mapa que deveria ser pego na cabine do capitão.

O suficiente  Disse ele.   E claro, não preciso falar que pode ter uns gatos pingados que talvez vocês tenham que ir pra cova, mas aí é com vocês Acrescentou

 

Algumas horas se passaram, transformando o céu claro do alto mar em um tom alaranjado suave. Era uma calmaria proporcional à vastidão azul ao redor e ao vento salgado que acariciava o rosto. Estavam quase chegando ao local marcado, e o horário previsto das 20h estava se aproximando.

Ah, é. Se der...  Disse ele, dando outra mordida na maçã que havia começado a comer há alguns segundos.. ...É só me deixar na próxima ilha que é onde meu barco está. Continuou, com a boca um pouco cheia ainda da fruta, enquanto mastigava. Ele fez um gesto amplo com os braços, indicando um espaço imagínario que seria o barco.