Oliver: A Carta Lacrada

Oliver encheu sua mochila por completo com seus novos pertences, lotando ao ponto que quase mal conseguiu fechá-la, sentiu-se inclusive meio pesado, Doca os observava debatendo após finalizar as transações com um sorriso amarelo no rosto, sem saber como reagir, até encontrar uma brecha para se despedir -- Voltem sempre!

A dupla deixou o estabelecimento, passando pela porta e descendo o degrau para o solo firme, sentindo a areia em seus dedos, foram de volta para o porto. No meio do caminho, Oliver decidiu desviar a direção de sua rota, ele tomou uma avenida pelo centro de porto real, seguindo o olfato, ele farejou o cheiro doce e perfumado de uma feira que ocorria perto da região do mercado. O mercado era grande e vasto, movimentado mesmo nos dias da semana. Barracas e tendas preenchiam o espaço baldio entre as casas e lojas da região. Não demorou muito para que a dupla encontrasse um varejo. Um senhor de idade, com cabelos escuros, pele bronzeada e uma cicatriz no braço esquerdo abanava as frutas com um leque adornado. Em frente à tenda havia um homem grande e forte, mas de aparência velha, com cabelos brancos, um rabo de cavalo baixo e uma barba cheia, estava comprando um cacho de bananas. Ele nota a presença de Oliver, mas não se incomoda, volta a atenção para o vendedor e lhe entrega três notas de dez mil Belly.

O velho finalizou a compra, pegou a sacola de papel com as bananas dentro e deu espaço para Oliver passar. Os dois se encararam, mas o velho apenas assentiu positivamente com a cabeça, como forma de um breve cumprimento e seguiu seu caminho. O comerciante, também um velhinho, encarou Oliver com um sorriso. Olá, meu jovem! ele o saudou, então, ouviu o pedido. Bananas estavam em alta naquele dia, trataria de levar ainda mais no dia seguinte, ao menos foi o que ele pensou. Com as mãos limpas e uma pegadora de alumínio ele coletou um cacho de bananas inteiro, estavam bem amarelas e sem manchas. Ele as inseriu num saco de papel e entregou para Oliver mantendo o largo sorriso As doze ficam por trinta mil!! anunciou o preço, pondo o pegador de lado e limpando as mãos no avental.

Oliver já havia atrasado sua viagem o suficiente. Quando ele recebeu o pacote de papel, marrom escuro, com alças feitas a partir de fibra trançada, devolveu ao comerciante uma nota de vinte e outra de dez mil Belly. O dono do hortifrúti sorriu e reverenciou, feliz com outra venda em tamanha brevidade. Oliver e Mileena então partiram rumo ao porto, descendo pela rua principal, uma longa estrada de areia até cruzarem uma segunda ponte, ainda na região do mercado. Subiram um degrau de madeira para o último lance de casas e mercados antes de chegarem à praia. Lá, seguiram pela calçada de pedra até onde o navio de Oliver estava ancorado.

Em brevidade, todos estavam reunidos no convés e o barco já estava em alto mar. As velas baixadas, esticadas com força contra o vento guiavam o navio rumo ao horizonte. As cordas bem presas no cabrestante seguravam a âncora, e, Mileena atuava como Timoneira, segurando o timão enquanto lia o mapa que se dispunha ao lado da bússola que lhe era dada, a viagem seria complicada, já que não tinham um Log Pose para auxiliá-los no caminho direto para Leyland. O navio seguiu velejando até que de repente nuvens sombrias surgiram, coloriram o céu num tom de azul escuro. Era uma tempestade chegando. em questão de minutos ondas imensas se formaram e as velas rangeram com força, puxando as amarras do mastro como se fossem derrubá-lo a qualquer momento!

Mesmo com os avisos de Oliver, a Tempestade era tão rigorosa que os tripulantes mal conseguiram se organizar. As velas continuaram a ser expandidas pelo vento, estavam tão esticadas que parecia que o mero toque da ponta de uma lâmina a faria se rasgar por completo. Mileena segurou o timão com força, mas não era o suficiente. As ondas continuaram a se erguer, subindo aos céus a mais de dez metros de altura. A canhoneira foi de encontro ao tremor, rasgou a onda no meio e despencou de volta no oceano, fazendo as pernas de todos tremerem. A velocidade era constante, se tornando mais intensa a medida que as velas se esticavam, parecia que iam estourar.