Louise: História de Origem

Agarrei o pacote com as frutas e, com certa dificuldade, retirei o dinheiro da minha sacola de moedas, entregando o valor exigido para o vendedor. Em seguida, retirei uma das frutas da sacola e dei uma mordida.
— O senhor pode me indicar algum lugar para comer aqui? Sempre apreciei frutas, mas preciso de um pouco mais para o café da manhã, almoço e até jantar. — Fiz uma pausa para dar outra mordida. — Quem sabe um lugar onde eu possa encontrar algum tipo de serviço para prestar.

Respondi com um sorriso sincero.
— Às vezes, são nesses lugares improváveis que podemos encontrar trabalho para uma mulher forte como eu. — Então, dei as costas e comecei a caminhar lentamente para o oeste. Em seguida, levantei a mão que segurava metade da fruta e disse em tom elevado para que o vendedor pudesse escutar. — Sou grata pela ajuda. Isso aqui está uma delícia.
Enquanto caminhava em direção ao meu novo destino, observava todas as barracas pelo caminho e fazia questão de cumprimentar os vendedores que cruzavam o olhar comigo. Em não tinha muitas oportunidades de sair sozinha, sempre estava acompanhada pelo meu pai ou tios, então me sentia como uma criança naquele momento. Mesmo sabendo que em breve seria perseguida novamente, eu podia desfrutar daquela pequena sensação de liberdade.

A medida que ficava mais claro que estava sendo seguida, aumentava a velocidade dos meus passos gradativamente. Primeiro, pensei em confrontar os quatro indivíduos de uma vez só, mas lembrei-me do vendedor com quem havia acabado de conversar, da hospitalidade calorosa e da simpatia de todos. Então, para não envolver aquelas pessoas, mudei minha rota para um lugar mais afastado, porém, ainda próximo ao restaurante. Talvez acabasse encontrando algum beco por perto.

Quando me deparei com a figura robusta à frente, minha esperança de escapar foi se esvaindo. Sabia que era impossível continuar por aquela rota, pois o brutamontes parecia estar mais que preparado para uma batalha. Empenhada e até mesmo com um pouco de fúria, coloquei todas as minhas forças em encontrar uma nova rota de fuga. Então, ouvi os navios ressoarem e meus olhos se depararam com uma escadaria. Sabendo que seria seguida de qualquer forma, corri em direção à escadaria. Talvez tivesse que matar aqueles homens ali mesmo, tudo dependeria da velocidade e capacidade deles de entrarem em meu caminho.

A parada forçada e abrupta causada pelo impacto, me deixou sem fôlego pelos primeiros segundos. Subi o olhar lentamente pela silhueta até o rosto do homem, mas minha visão foi ofuscada pela luz do sol. Ainda com a visão turva pela luz forte, coloquei a mão livre acima dos olhos a fim a tentar identificar o rosto do indivíduo. Quando percebi que meu pulso estava sendo agarrado e tentei puxar imediatamente e disse:

— Me desculpe. — desviei rapidamente o olhar, de modo a descobrir se ainda estava sendo perseguida.

Quando percebi a relutância dele para me soltar, fiquei com medo de ser mais um assassino enviado pelo meu pai. Se fosse isso, eu poderia me considerar uma mulher morta. Porém, ao soltar meu pulso e sacar sua espada deixando bem claro que iria lutar contra meus perseguidores, me senti mais segura quase instantaneamente. Me permiti soltar um suspiro de alívio antes de começar a raciocinar novamente e me perguntar "O que diabos ele está fazendo?". Decidindo me aproveitar da situação, saquei minha espada e permaneci ao lado do ruivo e após escolher o meu alvo, avancei no garoto loiro, desferindo um golpe na altura de seu peito.

Ações: Ataque com Sabre.

Não deixei de me impressionar quando o corpo incapacitado de meu oponente caiu no chão. Eu não sabia que era capaz de causar tamanha ferida. Encarei a garota e estava mais confiante ao enfrentá-la. Avancei com a intenção de dar-lhe um fim rápido e menos agonizante do que foi para o rapaz.

Ações: Ataque com Sabre

Meu coração não parava quieto, após ceifar a vida da garota, a adrenalina ainda permanecia em meu corpo. Eu me perguntava se havia sido criada para ser uma máquina de matar. Minha intenção era dar um fim rápido para a garota e consegui isso, mas foi ainda mais brutal do que o rapaz. Esses pensamentos ficaram ainda mais fortes, quando encarei o último inimigo e ele se pôs a correr.
Tomei a liberdade para relaxar os meus braços. Encarava meus próprios pés ainda pensando no assunto, até que o homem misterioso chamou minha atenção. Observando a ação do desconhecido de pegar a pistola para matar o fugitivo, tomei conta da situação. Eu estava tão exausta, sendo perseguida durante todos aqueles dias que acabei relaxando quando alguém me ofereceu uma mão. Não podia me dar ao luxo de confiar em qualquer um. Esse cara podia ser tão perigoso quanto os assassinos enviados pelo meu pai. Encarei meu sabre banhado de sangue e cortei o ar com ele para me livrar um pouco da sujeira, fazendo o sangue respingar no chão. Permaneci encarando o sangue no chão por um momento, em seguida observei os corpos do rapaz loiro e da garota. "Quem sou eu para julgar esse cara?" Pensei. Eu também matei pessoas para chegar até aqui, talvez não tanto quanto ele, mas um assassinato é um assassinato de qualquer forma. Após refletir, me virei para encarar o homem ruivo.
— Valeu pela ajuda, mas quem é você e por que fez isso? — perguntei, um pouco sem graça.

— Há… — por um instante as palavras fugiam de minha mente, graças a resposta inesperada. Guardei o sabre na bainha e me apresentei.
— O meu nome é Louise. É um prazer conhecê-lo Rami. — Levanto levemente os braços, imitando o movimento de levantar a bainha do vestido e cruzo as pernas, abaixando lentamente na tentativa de fazer uma boa reverência. Assim como tio Freudy me ensinou. — Mais uma vez agradeço pela ajuda, mas espero poder retribuir de alguma forma. 
Então me dou conta de que a minha sacola de frutas desapareceu e começo a buscá-la ao redor com os olhos. Quando não as encontro, suspiro de desgosto por perder frutas tão boas.

Após ouvir a proposta de Rami, tinha quase certeza de que meus olhos poderiam estar brilhando nesse momento. Ele era um pirata. Agora tudo fazia sentido. Sua maestria com ataques, a coragem, a falta de peso ao tirar uma vida. Ele poderia fazê-la entender a vida que sua mãe quis levar. O verdadeiro significado de liberdade. Com certeza a sorte havia sorrido para mim, pois aquela era uma ótima oportunidade. 
— Isso seria ótimo! Você poderia me levar até essa pessoa? — Perguntei, entregando um pouco do meu entusiasmo.