John: História de Origem - Concluído

O marinheiro respirava novamente, agora em alívio, parecia estar sem nenhuma vontade de ter que brigar, então acenou positivamente com a cabeça quando John concordou. Quando ele se levantou e perguntou sobre o charuto, o marinheiro apenas o ignorou e seguiu na direção do balcão, aguardando a movimentação de John, como se estivesse monitorando se o estivesse seguindo.

—Por aqui — ele passa direto pelo balcão e segue na direção de uma porta que levava para os fundos.

Eles passam pela porta, seguem por um corredor escuro até encontrar uma sala nos fundos da estalagem. O marinheiro para diante da porta e bate nela três vezes, depois da uma pausa e bate mais uma. Depois de cinco segundos de pleno silêncio, a porta é aberta por outro marinheiro, e, ambos caminham para dentro, revelando uma pequena sala escura.

Um homem estava sentado numa cadeira velha, apoiando os cotovelos sobre a mesa de madeira em sua frente, ele juntava as mãos em frente ao rosto e encarava John fixamente.

—Você não me parece grande coisa — foi a primeira coisa que ele disse no instante em que John parou diante da mesa.

John sentiu uma forte dor em suas pernas, ele caiu de costas e percebeu que o marinheiro batia com uma cadeira em suas costas, o forçando a se sentar e então o empurrava para próximo da mesa do Comodoro Mujin.

—Tem um senso de humor afiado — ele disse, puxando um cigarro e acendendo com toda a paciência do mundo.

—Há alguns meses você matou alguém que eu estava atrás, e eu geralmente fico feliz quando facilitam meu trabalho, mas não foi o caso. Ela roubou algo de mim e quero de volta — Joe Mujin explicou, tirando o cigarro da boca e soprando a fumaça para o lado, encarando o horizonte, com o olhar perdido.

Mujin o encarou com o queixo levemente erguido, ele pensava, encostando as costas no apoio da cadeira. Suspirando a fumaça com desprezo. Ele pensava, batendo as cinzas no cinzeiro de metal que estava no canto da mesa.

—O item em questão é uma caixa de metal, pequena, talvez você tenha a visto enquanto trabalhava com ela — ele continuou explicando, e, neste momento John se recordava vagamente de algo assim, tão pequeno que nunca o trouxe interesse de fato.

—Vasculhamos sua casa, seus pertences, alojamentos, navio, não achamos nada, o que me leva a crer que está com seu corpo, e, quero saber onde ela está... E você vai nos levar até lá — ele finalizou, cruzando os braços.

Ele continuou a encarar John sem dizer uma única palavra. Com sua respiração tranquila, ele fez um gesto sublime com a cabeça, quase que como um acenar, mas sem se mover ao ponto de ser perceptivo de longe. John ouviu um gatilho sendo alavancado, uma arma fora carregada e o cano frio foi apoiado na lateral de sua cabeça.

—Um favor de bom grado, é claro — ele falou, encarando o cigarro, e, depois voltando o olhar para John.

O cigarro já estava no fim, Joseph bateu ele uma última vez para se livrar das cinzas e esfregou ele no fundo metálico do cinzeiro. Foi então que ele se prostrou para frente, o encarando direto nos olhos com um tom mais crítico — Sabe John, eu prezo muito por uma única coisa — ele ergueu o dedo indicador enquanto falava — Lealdade — ele voltou a apoiar as costas na cadeira — Não me importo se escolheu jogar a vida no lixo e viver como cachorro, faça o que quiser, mas saiba que a escolha mais sensata é me ter como amigo, não pense que está falando com um Guarda de rua, posso fazer qualquer pessoa desaparecer estalando os meus dedos — então ele cerrou os punhos sobre a mesa, pressionando suas luvas de couro negro até rangerem — Mas não consigo encontrar o que procuro, por isso preciso de ajuda — ele cruzou as pernas, apoiando a canela sobre o joelho.

Ele acenou positivamente com a cabeça, e, fez um gesto com a mão para o marinheiro que estava ao lado de John — Você terá um navio e tripulação, será escoltado até termos a caixa, depois, será pago e poderá seguir para onde preferir — o Marinheiro então abriu a porta de saída daquela pequena sala e enquanto encarava John, resmungou — Por aqui — e então caminhou pelo corredor.

— No dia seguinte —
O ponto de encontro havia sido marcado. Um quarto de hotel foi pago para John e seus movimentos foram monitorados até o amanhecer do dia em questão. Acordando bem cedo, ele foi levado por dois recrutas da marinha até o porto da cidade em que estava, ali eles encontraram uma canhoneira da marinha, era pequena, porém ágil e bem cuidada. Ao lado da canhoneira uma única pessoa, era uma mulher de cabelos brancos.