Hazel: Cálice - Concluído

Seus olhos falham ao abrir, você sente um cansaço que nunca sentiu antes... Era como se tivesse acordado após ter hibernado por muito, muito tempo.
Já faziam algumas temporadas de trabalho desde que tu havias fugido da pequena ilha desconhecida, estava perto de completar seus dezoito anos e passaria provavelmente a data comemorativa buscando seu maior objetivo. Você sente falta da pequena ilha apesar de tudo, foi lá que você cresceu, criou coragem para seguir seus objetivos e até mesmo teve bons momentos com sua mãe antes dela ter um fim inevitável.

Aquele sentimento de melancolia após ter acordado e sonhado com esse lugar não trazia para você uma sensação de dúvida ou até mesmo de uma nostalgia ruim, pelo contrário, mostrava que o caminho pavimentado por você mesmo estava dando certo e te levando a lugares que você nunca imaginou. Hoje você se encontra no navio de um Capitão que precisava de alguém com a capacidade de se misturar em meio a qualquer ambiente. Você, Hazel, era essa pessoa. Você precisa ser essa pessoa.

O ambiente onde você está localizado é bem simples: seu momento de preguiça fez com que você pegasse uma rede e a estendesse no andar inferior ao convés, em um canto isolado que tinha uma pequena janela de vidro circular que permitia a luz do dia entrar e te iluminar, a luz âmbar que iluminava todo aquele pequeno canto com uma cor dourada. Apesar do cansaço do longo sono, você sente uma paz de espírito por causa daquele cochilo e pela cena que conseguia ver.

"Tudo está como planejado, em breve chegaremos na ilha! Preciso que alguns de vocês façam o reconhecimento assim que chegarmos, aquele homem já deve estar preparado para qualquer situação." Você ouve a voz de seu capitão, parece que ele estava tendo uma reunião com a tripulação. Todos eles já são conhecidos, exceto por você, que era um homem contratado para esse trabalho. Ele está no convés conduzindo a tal reunião.

"Ele realmente é confiável?" São as palavras que você ouve antes de subir ao convés, você anuncia sua chegada e pode perceber que, na tripulação, tinham pessoas extremamente desconfortáveis com sua presença. Outras nem se importavam tanto, mas o capitão mantinha um sorriso confiante no rosto, ele lhe encarava como se tivesse algo importante a dizer. Se aproxima, põe a mão no seu ombro direito e diz "Preciso que você me espere na minha cabine, tenho que te dar alguns detalhes específicos sobre o que será feito"

Enquanto ele dizia isso, você podia ver em sua visão periférica alguns detalhes do navio, eles pareciam estar no fim da preparação para a chegada ao destino. Os homens voltam as suas funções de pouco em pouco após esse contato, você observa apenas mais três próximo de onde você estava com o capitão.

Enquanto caminhava para a Cabine, você podia ouvir a voz do capitão terminando suas ordens "Certo, conto com vocês. Chegaremos ao amanhecer, os ventos estão a nosso favor."

Não era sua primeira vez naquela cabine, mas aquele cômodo no navio sempre te trouxe uma sensação de conforto, pertencimento a algo. Você almejava aquilo e toda vez que entrava naquele ambiente podia sentir que era seu destino. Tu podia notar uma mesa de madeira escura Envernizada, com entalhes de ouro, assim como uma cadeira seguindo o mesmo padrão, mas com acolchoados de cor tão forte quanto o vinho mais puro que encontrasse no bar mais famoso de toda Grand Line. Aquela cadeira chama por você constantemente.

Também podia notar outras coisas no ambiente, como: Um mapa com anotações no centro da mesa, um globo acima de uma pequena cabeceira, alguns livros em uma estante no lado oposto da sala. Atrás da mesa do capitão, você podia ver um desnível que levava para um cômodo improvisado, com uma cama, um quadro na parede, um pequeno baú com ornamentos dourados e o que parecia um diário acima de uma cabeceira ao lado da cama acompanhado de uma vela apagada, tinta e pena.

Você naquela posição de poder estava encantado com as possibilidades que sua imaginação lhe deu, desrespeitando qualquer lei moral daquele navio ao se sentar na cadeira do capitão, apoiar os pés em sua mesa, amassando parte do mapa e também brincando com seu globo. Você notava que o globo tinha também algumas anotações e marcações, enquanto você ia girando percebia que as diferentes cores das marcações pareciam combinar como se fosse um pequeno globo de festa não luminoso e ao se distrair faz com que aquela pequena esfera caia no chão.

Tu ouve passos subindo as escadas para a Cabine.

O capitão abria a porta, assim que ele entra na cabine, você o vê com uma cara de desapontado "Denovo? Hazel... Enfim, Saia da minha cadeira, conversemos sobre o que você precisa fazer e os seus termos."

Ele se aproximava de você, tu o encarava de baixo para cima, ele era um homem bem grande, portando vestes pretas e um chapéu com uma pena esverdeada, tinha barbas longas e trançadas que se estendiam até o meio de seu peitoral, aparentava ser musculoso e estar em boa forma apesar da idade. podia até mesmo ver alguns traços esbranquiçados nos pelos de sua barba, assim como linhas de expressão que entregavam a sua idade.

Esperava pacientemente que você se levantasse.

Ele se senta na cadeira e começa a dar as informações, indicando no mapa os lugares a qual falava "Estamos fazendo um serviço. Fomos contratados por um homem importante para buscarmos algo de valor em uma ilha tomada pela marinha. Nessa ilha eles estão conduzindo alguns experimentos que não fazemos ideia qual seja atualmente, mas são armas que podem mudar o jogo quanto a nós piratas." Ele tosse um pouco após tanto falar "Nossa tripulação é forte, temos homens o suficiente para causar um alarde e gerar inúmeros problemas, mas não temos o suficiente para entrarmos das instalações e nos mantermos lá. O plano inicial é o seguinte: Faremos uma baderna para que você consiga se infiltrar lá dentro e pegar o que precisamos. Qual o seu preço? Saiba que lá dentro você estará por conta própria, eu garanto que se você chegar com vida até nós, lhe deixaremos em qualquer lugar que desejar."

Ele se levantava e ia até uma cômoda, buscava um caderno de anotações e trazia novamente para a mesa, começava a folear em busca de algo que parecia ser importante.

O capitão gargalha alto, muito alto. Ele retruca sua oferta "Eu te dou um navio, consigo te dar dinheiro para contratar dois marujos. Ouro e o Fruto não temos como te dar. Você tem direito de pegar tudo o que quiser dentro daquela ilha, exceto pelos itens que nosso cliente demandou. Não cobrarei nada de você como meu tripulante, fechado?" Ele erguia a mão para fechar o acordo entre vocês, ele estava excluindo todo e qualquer lucro relacionado ao código pirata para que você seja livre para coletar o que bem entende.

Ele continuava "O contratante é um colecionador, ele demandou uma lista de itens com prioridades e durante semanas minha tripulação vem colecionando estes itens e levando para ele. O último item que está faltando é um Cálice de cerca de 800 anos atrás. Ele é um item muito importante. " O capitão mostrava em seu caderno o desenho do cálice, com inúmeras joias encrustadas nele, ornamentos dourados, pequenos pedaços de diamante macerado em sua base. "Tudo o que tiver na ilha, por exceção desse cálice poderá ser seu. "


Ele se levanta, arranca a folha do caderno e lhe entrega "A vida do meu Capitão depende do seu sucesso, eu confio em você. Precisamos dos Bellys desse serviço para nos prepararmos para a execução do Alma Negra. Não me decepcione." Ele desfere um olhar frio, rígido e dominante em sua direção, você sente a presença dele rasgando sua alma, com se estivesse a determinação de te esmagar.

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"Ele resistiu?... Não é possível..." Ele passa a ter uma expressão séria, como se tivesse te subestimado, mas você excedeu as expectativas "Chase D. Hazel... Interessante!" Ele cerra os punhos, enquanto volta para mesa com seu planejamento.

Ao sair da Cabine do capitão você consegue notar como os tripulantes estavam distribuídos, três botes com cerca de quatro homens cada um estão preparando alguns mantimentos para serem levados nos botes. Grande parte da tripulação estava no andar inferior preparando refeições, ajeitando armamentos e entre outros materiais que seriam necessários.
Somente os necessários para controlar a direção do navio estavam no convés, de fato trabalhando num ambiente mais exposto, você ao se inclinar para o corrimão consegue perceber a presença de uma enorme ilha, que por mais que estivesse durante o horário da tarde, parecia emanar uma aura gélida.

Nuvens pretas, como se nunca fizesse sol naquela ilha. Pelo mapa do capitão, você conseguiu notar que esta ilha estava relativamente próxima a Leyland, mas você nunca sequer ouviu falar dela; pela movimentação que o navio estava fazendo, ligando os pontos você consegue perceber que o timoneiro estava buscando alguma forma de passar despercebido para aproximar o suficiente da ilha.

Conforme você andava pelos tripulantes, alguns deles te encaravam, uns não davam a mínima e voltavam a trabalhar, enquanto outros pareciam entrar em sincronia mentalmente e pensando "O que esse idiota está fazendo?"

Ao se aproximar do bote, você vê um dos figurões da tripulação mexendo nele, era o explorador da tripulação. Ele estava dando ordens para alguns homens juntarem certos materiais e ferramentas, pois aparentemente iriam ir antes do navio principal para fazer o reconhecimento inicial da ilha. Os outros botes também tinham a presença de alguém importante da tripulação, então você imaginou que o cenário fosse o mesmo para todos os botes.

O responsável pela arrumação olha para você e diz "Olha... Estamos quase acabando aqui, vai ir até a ilha com a gente?" Ele esperava uma resposta.

Ele estranhava a sua postura, mas não se importava muito, te achava um cara divertido. Os outros que o acompanhavam terminavam de arrumar o bote, você podia vir alguns mantimentos, picaretas, pás, machado, luneta e entre outras coisas. "ô campeão, se tiver pronto vamos logo, se não vai lá arrumar suas coisas... Não temos todo tempo do mundo, ou chegaremos só amanhã de manhã e estaremos atrasados."

Você repara que no bote, todos que estavam presente estavam com um remo para agilizar o processo de ida até a ilha.