James: O Código Pirata - Concluído

As noites têm sido um tanto irritantes devido às dores dos meus ferimentos, mas aos poucos os incômodos iam diminuindo. As ataduras são testemunhas dos cortes que sofri, tanto dos golpes de Dave quanto das mordidas dos crocodilos. Até agora, estar em Porto Real tem sido como ter uma montanha desabando sobre minha cabeça a cada dia.

Me aproximei do balcão e, com um pigarro discreto, anunciei minha presença sem interromper a mulher com seus clientes.


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Observava o pacote deslizar pela madeira lisa do balcão e parar a minha frente, como se ela tivesse feito aquilo tantas vezes que já sabia a medida exata de força. Normalmente, ver aquilo animaria a situação, mas sentia que meu orgulho estava quebrado naquele momento. Se pudesse, não aceitaria o dinheiro. Não sentia que merecia aquilo mas com relutância, coloquei o pacote dentro da minha jaqueta, exibindo um sorriso meio amarelo, incapaz de disfarçar meu baixo ânimo.

— Obrigado... Murmurei, respirando fundo antes de voltar meu olhar para o local, tentando distrair minha cabeça. — Por acaso viu esses dias aquele cara que veio aqui? Ele tem cabelo azul, olho verde e se veste feito uma mulher.


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Ouvir aquelas palavras fez com que eu fixasse meu olhar em um ponto vazio, como se mergulhasse em pensamentos, mas na verdade, nada estava passando pela minha mente. Ou pelo menos era o que eu pensava. A mente travava uma batalha interna, me confrontando com uma série de perguntas e afirmações sobre minha própria competência. Parecia que eu estava longe, muito longe, de alcançar meu potencial.

"Não" Foi o único pensamento que conseguiu romper o turbilhão mental e trazer-me de volta à realidade. — Não estou preocupado em ficar para trás... Porque não vou ficar. Mesmo envolto em dúvidas, ergui o queixo novamente com orgulho e dirigi meu olhar para Rebecca..

— Eu vou fazer meu próprio caminho. Com essas palavras, mais do que uma resposta para Rebecca, era uma declaração para mim mesmo., onde eu ia retirando o envelope de minha jaqueta, deixando 200 mil Berries em cima do balcão. —Use isso para pagar as bebidas de quem precisar. Você é melhor do que eu nisso. Apesar de ser uma punição a mim mesmo, tentava fazer aquilo uma boa causa.

Afastei-me do balcão, enquanto me espreguiçava, caminhando em direção à saída. — Diga que o capitão Jim Hopkins é quem pagou.

Com o ultimo tom mais humorado, minha próxima parada era o porto.


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À medida que ouvia as palavras do primeiro bêbado, apressei ainda mais em direção à saída do bar. Apesar do gesto de pagar pelas bebidas, não queria atrair atenção para mim naquele momento. Ao cruzar as portas, não pude conter um riso diante do que acabara de presenciar. "Bêbados idiotas..."

Na rua, inspirei profundamente, substituindo o odor de velhas bebidas e madeira pelo ar salgado que soprava do porto da cidade. Comecei a caminhar na direção do cais, como um cão que fareja seu rastro.

—Até entendo o "Gin" mas... "Rosquinha"? Murmarava para si, pensando em como chegaram a aquele nome e desejando esquecer que aquela mistura parecia ser terrível até mesmo para um chá da tarde.


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Ao passar diante da casa com a cerca baixa, senti o olhar penetrante da mulher sobre mim.  Continuou meu caminho, ignorando a presença da deconhecida. Porém, antes que eu pudesse  sair do local, fui interrompido por aquela voz autoritária.

"Oque foi agora?" Pensava antes de virar meu rosto, onde aproveitava em dar um pequeno suspiro.

— Que que ce' quer? Perguntei com desconfiança. Era uma segunda vez que aparecia uma pessoa desconhecida parecia querer se impor. Aproveitava para dar uma olhada a mais na figura.


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Observava o comportamento mais agressivo e direto da mulher. Era menos irritante que lidar com pessoas comuns, mas ainda assim, mantinha minha desconfiança.

Cruzei os braços ao ouvir sua indignação.  —Tudo bem. Desculpe. Respondi, num tom de voz mais contido. Suspirei brevemente e, ao abrir os olhos, a olhei mais brandamente.

— Bom dia, Madame. Espero que esteja bem. Cumprimentei, minha voz agora mais calma e sincera embora ainda mantivesse minha reserva em relação a ela.  — Que que ce' quer?


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—Eu quero conquistar esses mares. Dizia, abrindo um sorriso de determinação porém ao pensar por mais alguns segundos, o semblante voltara a ser de desconfiança.

—Mas eu não te conheço e duvido que me pararia assim de graça pra me ajudar em algo. Qual é o rolo?


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—Eu tenho a mim.  Retruquei no mesmo tom, cruzando os braços em frente ao peito. Minha determinação orgulhosa me fazia ter certeza de que alcançaria meu objetivo e tentava demonstrar aquilo em fala, mantendo meu olhar firme nos olhos da mulher.

—O resto é questão de tempo. Continuei. —E quando alcançar, nada me impedirá de conquistar aquilo que sempre sonhei. Afirmei isso como se fosse uma verdade incontestável.

—E até agora só perguntou de mim. Apontei, inclinando a cabeça ligeiramente em direção a ela, expressando minha curiosidade. —Quem é você?

Dados: 14

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— Além de que um idiota reconhece o outro, você já viu muitos idiotas mas nenhum deles seria eu. respondi, mantendo-me firme diante da mulher enquanto começava a seguir atrás dela.

Enquanto caminhava, ouvia sua explicação inicial, o que me deixava mais pensativo. — "Código Pirata".... Murmurei para mim mesmo, tentando recordar das palavras que a Atendente Ruiva tinha dito.

—Tá. E como vou fazer isso? Cruzei os braços novamente, aguardando por uma resposta.


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— Eu TENHO dinheiro... Só não é bastante pra muita coisa. Mas da pra comprar um barco básico sim. Falei meio envergonhado pela situação de não ter muito e sem saber os preços dos barcos, enquanto passava a mão em minha testa tentando de alguma forma aliviar a dor aguda momentânea no local.

E então ponderava sobre suas palavras mais a fundo. — O que seria esse "One Piece"? Por alguns poucos segundos quieto, arregalava o olho momentaneamente, fitando a mulher em surpresa, por sua aparência, apesar de acabada, jovial.  — "Jovens"?! Tu tem quantos anos?!



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