Laurent: A Música no Sótão - Concluído

Após três dias da tempestade que separou os navios de James e Laurent, a tripulação dos Piratas de Copas alcançou uma sublime e encantadora praia, envolta por uma floresta rubra, com tons de laranja e amarelo. A âncora é baixada e as velas são erguidas, no horizonte, a imagem de montanhas ocultava algumas poucas torres e construções, indicando uma cidade a alguns quilômetros ilha adentro.

Nada se sucedeu... Laurent tentou replicar a música, mas percebeu que era desafinada se comparado ao que havia ouvido. Ele simplesmente não conseguia alcançar aquelas notas, e, sentia que mesmo com anos de prática, não o conseguiria replicar. Havia algo de estranho na música...

Frustrado, Laurent pediu para que continuasse tocando, mas nenhum som se propagou desde suas batidas na porta. Sem alternativas, ele caminhou lentamente na direção de seu quarto, descendo as escadas e abrindo a porta, para de deparar com a cama do mesmo jeito que havia deixado, sendo a vela acesa  ao lado da porta, sobre uma mesa, a única iluminação no ambiente. Quando ele finalmente se sentou sobre a cama, ouviu as cordas ressoarem novamente, bem baixas e abafadas, no andar de cima.

Praticando, até adormecer, Laurent acabou pegando no sono e desmaiando... Cansado, e, dormindo feito pedra, Laurent teve sonhos profundos, com imagens estranhas e distorcidas de paisagens distantes, até que, finalmente ele retomou sua consciência, com três batidas em sua porta, batidas ocas e leves que o fizeram abrir os olhos rapidamente, e, depois, uma voz familiar se apresentou Está acordado? era a voz do velho Chapatin.

O doutor abriu a porta lentamente, ele trazia uma nova bandeja com um pedaço de pão fatiado, algumas pílulas num pequeno recipiente metálico e uma xicara branca com algum chá verde e quente. Ele posiciona a bandeja ao lado da cama e põe a mão na testa do rapaz, percebendo que estava normal. Ótimo, não teve febre... Tome mais este remédio e o café da manhã, ele vai preparar seu corpo para a anestesia o doutor então caminhou até a janela e abriu as cortinas, trazendo luz para o quarto.

O doutor, ouvindo a pergunta de Laurent, olhou por cima do ombro na direção da porta, depois para o teto do quarto. Um amigo meu, está sob meus cuidados, não se preocupe com isso e então, enquanto Laurent terminava de se alimentar, o Doutor Media sua pressão, investigava sua pupila e preparava os lençóis ao lado da cama.   Volto em uma hora

Após cerca de cinco minutos, depois do doutor se retirar... Laurent começou a sentir uma estranha sensação, era vontade de ir ao banheiro. Ele havia tomado café, sua face estava amassada e ele sequer havia limpado o rosto, seria uma ótima ideia investir algum tempo para se limpar pela manhã...

Laurent abriu a porta do quarto e começou a caminhar em busca do banheiro. Cruzando o corredor, ele virou uma esquina e se deparou com a figura de um jovem rapaz, com cabelos louros, tão claros que refletiam a luz do sol pela janela e quase brilhavam, de tão esbranquiçados. Sua pele também era clara, quase albina, e, os olhos cianos cintilavam.

A pessoa permanecia parada, sem dizer uma única palavra, encarando Laurent com seus olhos inexpressivos e quase sem vida. Ele desviou o olhar para a esquerda. Era uma porta bonita e bem cuidada, com uma placa de madeira indicando que era o banheiro. Depois, ele desvia o olhar para Laurent, ainda em silêncio.

O rapaz encarou Laurent com certo receio, um misto de medo e até mesmo raiva, ele o encarou por alguns instantes, com aquela expressão curiosa, foi então que ele retirou de seu bolso e rabiscou algo rapidamente, devolvendo a mensagem para Laurent, em frente ao corpo, uma anotação: "Bisbilhoteiro"

Laurent fazia suas manobras para usar o banheiro, e, ao deixar o local, retorna para o corredor. O rapaz já não estava mais lá, e, agora ele deveria retornar para o quarto e esperar o doutor realizar o procedimento...