Jim: O Cavaleiro Negro

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Recobrando a consciência , James começava a olhar para o lado e para o outro, mesmo com a visão tentando se acostumar ainda com o ambiente. Ele sentia-se ainda acuado com uma mistura de confusão. Ele ouviu as palavras do homem e tentava mexer as mãos, que estavam presas por uma algema fria... O frio. Foi quando ele se tocou que estava congelando e imediatamente começou a bater os dentes. E com a movimentação repentina dos músculos enrijecerem e a batida dos dentes, fez com oque a dor de cabeça atentasse por um momento, que o fez praguejar no mesmo instante.

- O-O-Onde eu t-to? - Tentava ao mesmo tempo falar, tremendo, enquanto tentava aquecer as mãos com o hálito quente

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O frio era penetrante na pele. Ele não lembrava de ter sentido aquilo. Ou muito menos ter visto a neve tão abundantemente. Entre os sopros quentes nas mãos grudadas ao rosto, olhava para todos os lados a procura de Don ou de ao menos Samantha. Aos poucos, começava a repassar os passos desde que estava na jaula até o começo, se recordando que Don havia desmaiado no começo da luta.

As palavras do homem eram embaralhadas na cabeça de James, em meio ao turbilhão de pensamentos. Olhava então as correntes e como um zumbido que parecia estar muito alto no seu ouvido, ele se deu conta da escolha e da consequência. Ele entendeu quando pensou o pior, que poderia estar sendo vendido como escravo e que Don também poderia, ou poderia já estar morto.

Lentamente, seus braços, unidos pela algema em seus pulsos, caíram inertes em seu colo, como se tivessem perdido toda a força. Apesar do frio intenso, seus dentes cessaram as batidas incessantes, e seu rosto assumiu uma expressão apática, olhando para o chão onde seus pés se apoiavam na carroça mas não enxergava mais nada que seus pensamentos.

Entre pensamentos sombrios e um vazio crescente, as palavras do homem começaram a fazer sentido, formando uma frase que ecoava em sua mente até ser completada.

- James... - Sua voz soava vazia, como se a vida tivesse sido drenada dela. Ele respondia automaticamente, indiferente ao fato de qualquer resposta que o homem poderia dar. As dúvidas sobre seu destino, o frio cortante, a confusão sobre sua situação atual — tudo parecia se fundir em um emaranhado de perguntas que não parecia mais importar encontrar as respostas.

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O balanço suave da carroça fazia o corpo de Jim oscilar conforme ela avançava pelos caminhos de neve. Ele estava largado ali, com as costas apoiadas, mas sua postura demonstrava uma apatia profunda, os ombros caídos e a cabeça baixa.

Aos poucos, ele erguia o olhar, e foi nesse momento que a voz do homem ganhou forma diante de seus olhos. Ele o encarou por alguns segundos, passando depois o olhar para os outros dois ao lado, dedicando-lhes os mesmos segundos de observação. Seu olhar permanecia apático, mas um leve movimento das sobrancelhas indicava uma mínima tentativa de cumprimento social.

Em seguida, abaixou novamente a cabeça, desviando o olhar para o chão, movendo um pouco os dedos, que sentia o frio entre as juntas.

- Yupi... - Sua voz, monótona e desprovida de qualquer emoção, disse como um murmúrio.

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- ... Toco? - Naquele momento, ele imaginava que poderia ser para algo muito ruim, como ser morto. James sentiu uma palpitação, como uma batida mais forte, imaginando que iria morrer. Abriu um pequeno sorriso, levantando sua cabeça e se aproximando um pouco ao homem  - Toco é oque eu quero dar naquele cara... Bora?- Falou mais baixo e então apontava com o olhar para o guarda.

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-Se tiver algo melhor... - Ele dizia, voltando para trás e novamente se escorando na carroça. O frio começava a incomodar novamente e voltava o olhar para frente, pelo caminho que se seguia, com curiosidade, e apreciando a vista, por mais que tudo parecesse estranho.

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- Não acho que a gente deva perder a cabeça com isso... - Começava a sorrir do que ele mesmo tinha dito, e então voltava o olhar para o homem. - Mas por quê está tão tranquilo? -

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Seus olhos voltaram-se mais uma vez para o cavaleiro e, em seguida, retornaram ao homem diante dele, compreendendo a situação e assentindo com a cabeça. Aquela sensação parecia reacender algo dentro de James, uma chama que ele pensou que nunca mais seria acesa. Ele se perguntava se Don ficaria decepcionado por tê-lo acompanhado até ali, apenas para enfrentar um destino tão sombrio. Com os punhos cerrados, ele os apertou com firmeza e, então, um sorriso igualmente determinante. - Se você diz que não pode, então não irá -

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Enquanto observava suas mãos, James notava a pele esbranquiçar ainda mais. Talvez seu nariz também estivesse vermelho, mas ele sentia definitivamente suas bochechas esquentarem de vez em quando, o que era uma pequena batalha contra o frio intenso do local. O ranger dos dentes durante os bocejos deixava claro o desconforto, seja pelo sono, pelo frio ou pelo tédio de esperar pelo desfecho da jornada, enquanto encarava o vasto branco que se estendia diante dele.

Seus olhos vagavam, examinando não apenas o carrasco à distância mas o local que daria ao bosque, tanto quanto os caminhos que a tempestade cobria o horizonte. Depois de alguns instantes de reflexão, ele começou a elaborar um plano improvisado. Sabia que todos os planos possíveis eram horríveis, ou pareciam assim, mas o que tinham em comum era a dúvida em vez da certeza da morte. No entanto, naquele momento, ele sentia medo. Embora estivesse cheio de confiança e determinação para agir, havia um medo de fracassar. Ele percebia que talvez o medo fosse ter feito ele repensar na escolha que fez, como teve contra o corsário.

Heh... O ruim de viver agora é ter que aprender com as merdas que fiz. Ele murmurava mais para si em tom irônico pelo momento, esperando curioso para oque iria acontecer.

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Jim observou o homem se levantar e seguir o restante do grupo, descendo da carroça em seguida. Optou por ser o último a descer, absorvendo as palavras que acabara de ouvir, tentando entendê-las ou pelo menos concordar com elas de alguma forma. De qualquer modo, ele preferia ter tempo para refletir.

Assim que desceu, ele se juntou ao final da fila, acompanhando o fluxo mas atento em busca de uma brecha.

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Família "Bathory?"... Tentava imaginar quem seriam, também recebendo a confirmações que aqueles ali poderiam ser "selvagens", apesar que James não entenderia oque seria selvagem para eles daquela ilha.

James. Encantado, malandragem. Ele se apresentou com um pequeno sorriso maroto, apesar de estar em trapos, fazendo uma breve reverência com a cabeça.